Review: Elysium
É muito legal quando um artista brasileiro se da bem lá fora, sobretudo quando se envolve em uma grande produção, e uma das coisas que mais chamou a nossa atenção com a espera de Elysium foi a participação de Wagner Moura. O eterno capitão Nascimento contracena com outra brasileira Alice Braga, que já é figurinha carimbada no cinema hollywoodiano, além de Matt Damon como protagonista e sua já consagrada carranca de Jason Bourne. Dirigido por Neill Blomkamp, o filme propõe uma reflexão a cerca da discriminação, xenofobia e o aceso limitado a serviços e recursos. Fica fácil perceber que este filme não é muito diferente de Distrito 9, outro filme de Blomkamp. Como um bom sul-africano, Blomkamp sabe como abordar o assunto (basta lembrar-se do apartheid) e é isso que Elysium mostra.
A história se passa em Los Angeles no ano de 2154, a Terra se transforma num grande lixão, numa mistura de Cyber punk e pós apocalíptico com poucos recursos e meio ambiente precário, para fugir de tudo isso foi criada a estação espacial que dá nome ao filme, enredo que lembra Wall-e porém num cenário mais dramático. Na estação encontra-se tudo para uma vida confortável e até tecnologia para curar qualquer doença e, claro, só vive lá a elite financeira, em outras palavras, há uma grande segregação financeira e racial (vale lembrar que todos os personagens que vivem na Terra, exceto Max, personagem de Damon, são de minoria étnica (negros e latinos) e lógico todos tentam a todo custo adentrar Elysium, para tanto contam com os serviços de Spider (Wagner Moura) uma espécie de contrabandista hi tech). Max trabalha numa linha de montagem de robôs que não por acaso é de propriedade de um magnata da Elysium, após um acidente grave de trabalho Max descobre que só tem cinco dias de vida. o que o leva a entender que só sua ida a Elysium pode salva-lo. Deste modo nosso herói se vê obrigado a pedir ajuda a Spider. Em troca da ajuda, lhe pede um serviço em vista da sua condição de quase morte. Max recebe um exoesqueleto robótico à lá Homem de Ferro, porém as coisas saem um pouco do controle e Max encontra-se envolvido em perseguição e conspirações que acabam envolvendo a Dr. Frey (Alice Braga) sua amiga de infância, a quem promete levar para Elysium quando criança, e sua filha doente que precisa ser levada para se curar de uma leucemia, e deve ainda confrontar Kruger, um mercenário que também possui um exoesqueleto.
Ver a Terra com uma grande carência, o clima árido e a composição suja dos cenários dão um clima bem interessante à obra, ainda mais quando contrastada com a assepsia da estação espacial, dessa forma o filme consegue prender bem a atenção do público e os efeitos visuais são muito bem executados. Talvez o filme só peque na previsibilidade do final, mas mesmo assim garante uma hora e meia de distração.
Filmes futuristas e de ficção científica têm, por natureza, tentar prever e nos alertar sobre o futuro. Elisyum, no entanto faz mais que isso, nos alerta sobre o presente. A discriminação, o poder pelo dinheiro e a grande desigualdade social (sobretudo aqui e em outros países subdesenvolvidos) são realidades latentes, só que em vez de uma estação espacial, nossa elite se refugia em bairros nobres e condomínios fechados de luxo e, basta você ir a qualquer hospital público no Brasil, que irá ver algo não muito diferente ao hospital do filme (!)
Nota: 7,0/10